“Yo soy el cóndor, vuelo
sobre ti que caminas
y de pronto en un ruedo
de viento, pluma, garras,
te assalto y te levanto
en un ciclón sibilante
de huracanado frÃo.”
(Los Versos del Capitan, Pablo Neruda)
Há alguns anos, no saudoso Arroio do Sal, uma amiga minha passou por uma experiência muito interessante. Vinha ela caminhando tranquilamente na beira mar, retornando para casa ao fim da tarde, revigorada pela brisa quase suave dos nossos mares do sul. Carregava a cadeira e, na bolsa, um livro. Vinha pensando em coisas boas, quando o vento que lhe vinha das costas trouxe um zum zum adolescente, cujo tema era a sua anatomia (ainda bastante boa para os quase 50).
Entre divertida e lisongeada, ficou escutando o papo que se aproximava de seus passos lentos. O grupo de rapazes, em seus apressados 15 anos a ultrapassou e, aprendizes aplicados da lógica masculina, viraram suas caras safadas para olhar o objeto de suas elogiosas frases.
Minha amiga, seguiu impávida, se divertindo com o desdobramento do ataque dos franguinhos Minu 🙂
[pausa]
Meus alunos costumam brincar comigo sobre estas coisas da idade. Geralmente, com a cara mais deslavada perguntam se “no meu tempo” as galenas tinham programação ou, exageradamente, se a roda já era usada para locomoção de pessoas. Eu costumo aderir à brincadeira, pescando alguma coisa realmente ante-diluviana que os deixe com caras de bobos.
Ou, quando estou na pilha, tento problematizar estas relações entre velho \ novo \ antigo \ moderno. Costumo dizer que não passei dos 17 anos, porque acho esta uma idade ideal e recomendo a todos que fiquem neste limite. Geralmente, não explico porque. Ou digo que não sou velha, de modo algum, mas que cai da cegonha sem querer.
Pois não há nada novo, que seja novo fora da antiguidade de algo jovem que foi conservado neste nosso acervo humano. E não pensem que eu ando viajando para me escapar de escrever a tese. Estas coisas todas me vieram à mente ao reler a página 397 do volune II do Conceito de Tecnologia de Alvaro Vieira Pinto. Aliás, leitura obrigatória para pensar dialeticamente a tecnologia.
Eu sempre quis ter um blog chamado [alter-ego], mas já havia um, lá pelos idos de 2001. Mas, … deixa assim, em 2012, vou pensar um nome legal para este blog. Algo tipo ‘Jeito Alice’, ‘Pumba’, ‘Assim, ó’, … para desespero de alguns. Olha a ideia: “Para desespero de alguns…”
As palavras que já escrevi sempre parecem ter mais força, como se a cada escrita elas se gastassem um pouco e, por isso, se tornassem mais leves. Uma leveza que, em vez de envolver, encantar, deixa tudo meio … lÃquido demais. Quando há tanto à dizer, só sobram as metáforas e, pior, aquelas já muito repetidas.
DifÃcil descrever sem reescrever demais. Inevitável escrever. Cada movimento inscreve e escreve. Inevitável deixar rastros. Pena que eles nem sempre mostrem aquilo que precisa ser mostrado. Estou me especializando em deixar pistas falsas…
Tenho um colega que chega a ser irritante de tão zem. E eu sou irritante de tão sem… sem lembrança da última vez que prometi a mim mesma não me irritar, não me exaltar, manter a calma em meio ao caos, não gritar, não xingar, não ….
Minha mãe ainda está olhando só de longe, mas o pai já está navegando pelos sites de notÃcias, pelos mapas que ele adora e… jogando paciência. Uma das grandes descobertas foi a facilidade de usar o Skype.
Olhem só as caras felizes falando com os amigos de Porto Seguro:
Pois deu tudo certo, ficou tri bom, embora tivesse ficado no fogo umas 3 horas, pois alguma coisa não solidificava. Foi devorado em minutos e eu virei a rainha do pudim.
Mas, para escapar em 2010, voltei a velha forma e ontem, ao tentar cometer um pudim de claras:
– queimei o caramelo
– num acesso criativo, botei limão na receita para não ficar tão doce
– não reparei que havia formigas no açúcar
Pior, … o pudim ficou ótimo, com aparência de sorvete de flocos e gostinho de torta de limão. Ou seja, para a entrada em 2011, certamente terei de providenciar um formigueiro e tentar repetir todos os erros que cometi ontem.
2 – Bata as claras em neve. Uma neve meio mole. Vá colocando o açúcar e as formigas batendo sem deixar virar merengue duro demais. Alternativa ecologica (?): substitua as formigas por chocolate granulado.
3 – coloque as pitadas e raspe a casca do limão na massa e misture
6 – deixe esfriar e ponha na geladeira. Desenforme gelado.
7 – na craca que ficar na forma, esprema o limão e acrescente um pouquinho de água e leve ao fogo. Quando ficar com cara de calda, deixe esfriar e ponha sobre o pudim.
Meus dias de professora são alegres, tenho prazer em trabalhar e estar com meus colegas e alunos. Adoro o que eu faço, mesmo. E esta semana está sendo especial.
Na imagem, a minha medalha. Professores de Educação FÃsica tem um fraco por medalhas. Tive de me conter para não ir na padaria com ela.
* “Medalha Mal Trompowsky, criada pelo Decreto do Exmo. Sr. Presidente da República do Brasil em 1953 e destina-se a distinguir cidadão brasileiro ou estrangeiro, ou instituição, que se tenha destacado em relevantes contribuições ao ensino nos Estabelecimentos de Ensino das Forças Armadas, à educação ou à cultura”.
[update]
O cÃrculo se fecha sem se encerrar. A voz de cada colega vai moldando a realidade (hoje!) de ser professor:
Enquanto a blogosfera discute a queda da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista e se espanta com as questões que podem surgir a partir das próprias ações na rede, eu sigo muito mais off do que on line.
Fiquei o dia todo desplugada de tudo que não fosse aula, treino, reunião. E foi só pelas 18h que fiquei sabendo do sumiço de um avião da Air France. Pensei: quase um ano depois que eu fui a Paris, partindo do Rio, na mesma hora.
Fui conferir e localizei os dados do meu vôo num email:
“Saio daqui as 12:50 para o Rio. Lá pegarei o avião para Paris as 19:05. Previsão de chegada 11:10 no Aerogare 2 Terminal E. Voo da AirFrance AF447.”
Poa/Rio de Janeiro conexão
Tam JJ 3088 26 JUN 12:50hs // 14:40hs
Rio de Janeiro/Paris stop
AirFrance AF 447 26 JUN 19:05hs // 11:10hs
De repente as coisinhas assumiram a sua real dimensão. As vezes tudo se resume à uma questão de tempo.
Meu sumiço generalizado vai por conta da correria do trabalho (normal!) e de uma reforma que estou fazendo aqui em casa (ai!). Depois que passei o carnaval lidando com baldes cheios de água que escorriam do teto e depois de 3 tentativas de arrumar o telhado, fiquei residindo numa cela úmida, rachada, mofada e insalubre.
Assim, praticamente desenterrei a parte anexa do meu apartamento e fiz uma nova impermeabilização nos alicerces, mandei refazer o piso do pátio com novo caimento, novas caixas de esgoto pluvial. Coloquei calhas onde não havia e a coisa anda por aÃ, por enquanto.
Na quarta-feira, trabalhei nos 3 turnos, pois tive jogo à noite. A semana está sendo corrida pelos treinamentos e jogos mais intensivos. Me gripei e, no treino de quarta, quase quebrei braço. Num exercÃcio de corta luz, meu braço ficou prensado entre dois guris (cada um indo numa direção). Era o treino do Mirim e isso salvou o meu braço apenas com uma distenção.
Uns vinte minutos depois e já com mais um casal esperando, resolvi telefonar para a empresa. Me atendeu a secretária/atendente (que estava escondida num escritório). ¬¬ Gastei mais uma hora selecionando 70 plaquetas duplas e alguns cantos e carregando o carro. O casal estava criando raizes enquanto esperava para carregar os seus blocos de concreto.