E vice-versa.
Tenho um colega que adora a expressão “me inclua fora desta”. Ele a usa sempre que a ordem do dia contém alguma daquelas missões para as quais necessitamos um cocar com muitas penas como equipamento essencial.
Eu lembrei desta inclusão excludente ao ler alguns textos (no google reader) onde inclusão digital, exlusão social e outras in-ex eram parte do tema. Reafirmei o meu pensamento de que inclusão e exclusão tendem a assumir contornos absolutos quando, na realidade, são relativas. Opostos dialéticos, um não existe sem o outro.
@amandinhakee, eu vejo as mesmas fotos e o pensamento que me vem é: precisamos de inclusão digital DE VERDADE, associada à inclusão social.
Me deu vontade de entrar na conversa e complicar um pouco estes conceitos de inclusão \ exclusão. Mas resolvi pular os limites dos 140 carácteres e trazer a possibilidade de diálogo para ambientes mais amplos. Vim para o blog 😎
Penso que a inclusão de\em alguma coisa inclui (exclui) a exclusão de\em outra numa linha que admite todas as posições entre estes dois opostos. Ser excluído socialmente é estar incluído num mundo de possibilidades a que não se tem acesso, mas que afetam a nossa vida com força. Ser incluído digitalmente pressupõem pertencer a um grupo que pode construir\contrapor a sua apropriação às apropriações previstas para a tecnologia digital.
E estas inclusões – exclusões não são totalizantes, não 🙂 incluem tudo o que pode ser pensado no tema. E mais, ambas se 😐 incluem num contexto no qual estas categorias coexistem juntamente com todas as suas relações, também, com todas as condições de sua (re)criação.
Acesso, apropriação, condições de exercer a ação, … são fatores que podem estar ou não, e mais ou menos, presentes nos contextos de in-exclusão. Por exemplo, as modificações na ‘lei do petróleo’ frente às possibilidades do pré-sal podem ser a tentativa de garantir a inclusão dos menos incluídos (nas coisas boas) da riqueza que é uma possibilidade deste projeto. Por outro lado, alguns vêem como uma exclusão do ‘Mercado’ (como personificação do Capital que é) de uma plenitude destas mesmas possibilidades.
A apropriação privada daquilo que é público está tão naturalizada que garantir a inclusão de todos é visto como uma exclusão dos beneficiários das ‘leis’ que são tidas como naturais, fixas e imutáveis, ou seja, as leis do Capital.
Assim, no meu entender não existe isso que chamam de exclusão\inclusão. O que existe são vários graus de inclusão subalterna ou de exclusão parcial. E o pensamento, para dar conta das nuanças deste contexto, precisa trilhar os caminhos da dialética. Aquela de cabeça para baixo que Marx propos já faz um tempinho.