[aviso]Este texto não é uma análise do Google Buzz ou do Wave. É a expressão da minha opinião sobre os rumos das redes sociais e de seus suportes. Sobretudo uma reflexão inacabada sobre os nossos rumos nas redes. Assim, contribuições, crÃticas, concordâncias e discordâncias são bem vindas.[/aviso]
No que se chama de sociedade da informação, a divisão do trabalho assume contornos inesperados. Em vez da tradicional divisão entre quem pensa e quem executa, se intensifica a divisão entre aqueles que conseguem controlar, filtrar e utilizar a informação de acordo com suas necessidades e objetivos e aqueles que se perdem na avalanche de informações. Uma divisão que vai além da divisão que se estabelece no acesso à informação.
Considerando a informação que é produzida e circula na internet, podemos dizer que todos a produzem e reproduzem em maior ou menor grau. Afinal, a maioria de nós trabalha nestas fábricas sem salário que nós mesmo criamos nos galpões fornecidos por grandes corporações, através dos seus aplicativos\suporte de redes sociais. A acumulação capitalista, nestes nossos tempos, não se baseia somente na produção de mercadorias, mas na produção da inovação. E é negócio fazer circular o que cria e alimenta negócios.
Todo o santo dia blogamos, tuitamos, buzzamos e abusamos destes novos verbos, enfim, abastecemos ininterruptamente os canais e os reservatórios de informação, criando um valor que transcende o da informação original e individual. Podemos pesquisar um pouquinho neste imenso fluxo de dados, afinal…, não se amarra a boca do burro boi que puxa o arado. Porém, o fazemos muito aquém do poder das máquinas de pesquisa, que colhem, filtram, recirculam, extraem valor desta nossa cooperação. Não raro nos perdemos na pesquisa e saimos de mãos vazias. Informação demais desinforma. É comum perdermos o essencial no meio do que é banal.
Esta semana, estamos discutindo em diversas lÃnguas, como o Buzz é bom, o quanto o Buzz é ruim, como vamos usá-lo, porque vamos desligá-lo, o quê pode ser melhorado, … Cooperação, trabalho imaterial, mais-valia total porque estamos trabalhando sem salário. O fazemos de livre e espontânea vontade? Sim. Com consciência? …
Ah! vamos desligar o Buzz, o Twitter, a conexão com a internet … Ops! … É aqui que eu travo. Observo estas redes que formamos, nas quais as pessoas compartilham e recompartilham automaticamente (em grande parte) as informações. Imaginemos um excelente e original texto publicado num blog. Pela decisão do autor e as possibilidades do suporte, o texto é distribuido automaticamente para os agregadores, via RSS, para o Twitter, para o FriendFeed , Buzz, Tumblr, Facebook etc.
A partir daà rola uma cascata de eventos. O Twitter remete a informação automaticamente para o FriendFeed, para o Tumblr, para o Buz z, para o Facebook e gera um Feed RSS que a contém. O FriendFeed lança no Buzz tudo o que recebeu do blog, do Twitter, do Facebook, e gera um feed RSS. O Facebook faz o mesmo e a coisa toda começa a ficar circular. O eterno retorno da filosofia, um loop mal feito num código 🙂
Além disso, o pessoal pode retuitar e, conta a lenda, que estão pedindo um botão de rebuzzar . (Please, Google, NO!) Toda esta redundância e circularidade acontece, na maior parte, automaticamente e, pior, grande parte das pessoas nunca olha alguns destes seus serviços, que distribuem seus interesses, apesar do seu desinteresse. Um processo bem web 1.0 na web 2.0. Muitas vezes, tudo se resume a linkar seu perfil a um certo tipo de informação ou outro perfil.
À quem beneficia este acúmulo e sobreposição de informações repetidas ad nauseam? Será que a informação não ficará oculta da maioria dos mortais em meio a imensa quantidade de dados que circulam? Alguém aà reparou como estão menos proveitosas e mais difÃceis as buscas depois que perfis e alterações de status começaram a ser indexados?
Todavia, … nestas redes que formamos, podemos criar muita coisa boa individual e socialmente. A pergunta é: como aproveitar isso sem incrementar a banalidade e sem reforçar a alienação? Todos estes maravilhosos e nem tão maravilhosos novos meios nos usam em maior medida do que nós pensamos os estar usando.
“Não é mais o trabalhador que emprega os meios de produção, mas os meios de produção que empregam o trabalhador” (Marx, O Capital, I, p.357)
O que Marx não previu foi que chegarÃamos na mais-valia total, na maior alegria. ((em contrução))
* imagem é CC criada por im a partir de http://www.luclatulippe.com/ e do icone do Buzz.